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Investir com Propósito: O Crescimento do ESG no Mercado

Investir com Propósito: O Crescimento do ESG no Mercado

26/12/2025 - 13:42
Matheus Moraes
Investir com Propósito: O Crescimento do ESG no Mercado

O mundo dos investimentos tem passado por uma transformação profunda, impulsionada pela urgência de alinhar retorno financeiro a objetivos de desenvolvimento sustentável. O conceito de ESG, sigla para Environmental (Ambiental), Social e Governance (Governança), emergiu como um guia essencial para alocar recursos de maneira responsável. Ao integrar fatores ambientais, sociais e de governança, investidores encontram caminhos para gerar valor agregado sem abrir mão da lucratividade.

Neste artigo, exploraremos os fundamentos do ESG, seu crescimento global e a evolução no Brasil. Abordaremos as tendências que moldarão o setor em 2025-2026, além de apresentar desafios e oportunidades para quem deseja investir com propósito.

Definição e Conceitos Fundamentais de ESG

O tripé ESG representa uma abordagem que vai além da análise tradicional de indicadores financeiros. O pilar Environmental (Ambiental) foca na gestão de recursos naturais, emissões de carbono e conservação da biodiversidade. No âmbito Social, avalia-se o impacto sobre comunidades, diversidade, saúde e segurança ocupacional. Já a vertente Governance (Governança) se refere à transparência, ética, compliance e estruturas de liderança corporativa.

Adotar práticas ESG significa integrar políticas de reciclagem, reaproveitamento de resíduos e redução de emissões com um olhar de longo prazo. No Brasil, 76% das empresas apontam a gestão de resíduos como ação-chave para fortalecer sua reputação e reduzir custos operacionais.

O Panorama Global do Mercado ESG

O crescimento dos ativos ESG tem sido extraordinário. Segundo dados da Bloomberg, o mercado global alcançou US$ 30 trilhões em ativos sob gestão sustentável e deve atingir US$ 53 trilhões até 2025, o que representará um terço do total de AUM (US$ 140,5 trilhões).

A projeção até 2030 é ainda mais ambiciosa: US$ 79 trilhões, com crescimento a 18% ao ano (CAGR), praticamente triplicando os US$ 25 trilhões observados em 2023. A Europa lidera com aproximadamente 50% desses ativos, enquanto os Estados Unidos avançam com vigor e podem assumir a liderança plena a partir de 2022.

Entre os principais fatores que impulsionam essa expansão estão os compromissos internacionais da Agenda 2030 da ONU e a demanda interna por diversidade e transparência em grandes corporações. Investidores institucionais e pessoas físicas têm reconhecido que estratégias sustentáveis oferecem resiliência em cenários de crise.

O Panorama Brasileiro: Números e Evolução

No Brasil, o debate sobre ESG ganhou força em redes sociais, com um aumento de 6 vezes no volume de menções entre 2019 e 2020. Em 2020, os fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões, demonstrando o início de uma migração do investidor nacional em direção a práticas responsáveis.

Em 2025, o estoque de títulos ESG na B3 alcançou R$ 138,1 bilhões, com 23 novas emissões apenas no primeiro semestre. Índices como ECOO11 e ISUS11 registraram performances de 37,22% e 34,54% respectivamente até novembro, superando muitos benchmarks tradicionais.

Empresas brasileiras destacadas no ranking Merco ESG, como iFood, Petrobras, Vale e Bradesco, têm liderado iniciativas de grande alcance social e ambiental. Para muitos executivos, 2025 será o ano-chave para consolidar políticas robustas de sustentabilidade no mercado de capitais.

Tendências ESG para 2025-2026

O relatório da XP destaca cinco tendências principais que moldarão os investimentos ESG nos próximos anos. Essas diretrizes refletem a necessidade de alinhar inovações tecnológicas a metas de sustentabilidade global.

  • Corrida global por data centers: o avanço da inteligência artificial elevará o consumo de eletricidade nos EUA de 4% para 12% até 2030. O Brasil se destaca como polo estratégico por sua matriz renovável de energia, com o investimento de R$ 200 bilhões do TikTok no Ceará.
  • Demanda por minerais críticos: essenciais à transição energética, abrindo espaço para o Brasil se posicionar como fornecedor global, apesar de desafios regulatórios.
  • Baterias para estabilidade da rede: instalações recorde em 2025, com leilões de armazenamento previstos para 2026 sob a MP 1.304.
  • Mercados de carbono: consolidação do mercado voluntário e avanços regulatórios programados para 2026.
  • Transparência na divulgação ESG: nova fase de regras em 2026, com taxonomias nacionais influenciando a alocação de capital.

Desafios e Oportunidades no Brasil

O país reúne vantagens competitivas para se tornar um hub de investimentos sustentáveis, mas também enfrenta obstáculos que demandam atenção estratégica.

  • Vantagens: matriz energética renovável, rede interligada robusta e incentivos como Redata e leilões de energia.
  • Riscos: gargalos em infraestrutura de transmissão, limitações de financiamento, desafios regulatórios e gaps na execução de projetos.

Além dos fatores técnicos, há um impacto social significativo. A adoção do ESG tem impulsionado maior diversidade etária e cultural nas empresas, promovendo transparência e rebranding. A liderança da geração X tem sido fundamental para guiar essas mudanças.

Parcerias entre big techs e o setor de energia no Brasil exemplificam como o país pode atrair investimentos internacionais para projetos de descarbonização, aproximando-se das práticas observadas em EUA, China e Reino Unido.

Conclusão: ESG como Estratégia para o Futuro

Ao olharmos para o horizonte até 2030, fica claro que o ESG não é apenas uma tendência passageira, mas sim uma exigência estratégica para qualquer organização que busca longevidade e relevância no mercado global. Investir com propósito significa unir retorno financeiro e impacto positivo, impulsionando inovação e resiliência.

Para investidores e empresas brasileiras, a oportunidade de consolidar o país como um polo global de sustentabilidade é real. A adoção de práticas ambientais responsáveis, iniciativas sociais inclusivas e governança transparente criará um ciclo virtuoso de crescimento econômico e bem-estar coletivo.

No final das contas, o verdadeiro valor do ESG está em sua capacidade de reconectar o mercado financeiro aos desafios e esperanças da sociedade. O futuro pertence a quem investir com propósito.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

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