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CDI e Taxas: Entendendo o Custo do Dinheiro

CDI e Taxas: Entendendo o Custo do Dinheiro

04/12/2025 - 07:09
Maryella Faratro
CDI e Taxas: Entendendo o Custo do Dinheiro

Em um cenário de incertezas econômicas e volatilidade global, cada ponto percentual importa. Compreender o custo real do dinheiro é essencial para quem toma crédito, investe ou planeja um futuro financeiro sólido.

Desde pequenas compras no cartão até grandes projetos empresariais, as taxas definidas pelo Banco Central e pelo mercado impactam diretamente o dia a dia das pessoas e organizações. Neste artigo, vamos explorar conceitos-chave, dados atuais e caminhos para decisões mais conscientes.

Conceitos Fundamentais

O custo do dinheiro se manifesta nas taxas de juros aplicadas a empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Ele representa a remuneração exigida por quem empresta recursos e o valor que se paga, ao longo do tempo, para acessar esse capital.

A Taxa de Juros indica o percentual sobre o montante principal, seja para remunerar investidores ou para cobrar de tomadores de crédito. No Brasil, duas referências se destacam:

  • CDI (Certificado de Depósito Interbancário): taxa média dos empréstimos diários entre bancos;
  • Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia): taxa básica definida pelo Banco Central.

O CDI serve como indexador de investimentos de renda fixa, enquanto a Selic orienta toda a política monetária e regulariza a liquidez do sistema bancário.

Definição e Autoridades

A taxa Selic é decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central que avalia cenários de inflação, crescimento econômico e movimentos globais antes de ajustar a taxa básica.

Já o CDI é resultado direto das operações interbancárias, calibrado pelas instituições financeiras conforme a demanda por recursos de curto prazo. Além dos bancos, fintechs e cooperativas de crédito influenciam a dinâmica do mercado, aumentando a competitividade e pressionando spreads bancários.

Fatores que Influenciam as Taxas

  • Risco de inadimplência dos tomadores;
  • Pressões inflacionárias e expectativas de preços;
  • Custo de oportunidade entre aplicações;
  • Política fiscal e níveis de endividamento público;
  • Concentração bancária e margem de lucro.

Cada um desses fatores incorpora prêmios de risco e define até onde o interesse dos credores e investidores se estende. Quando a incerteza aumenta, eles elevam as taxas para compensar possíveis perdas.

Cenário Atual e Dados Numéricos

Em junho de 2025, a Selic se mantém em patamares elevados, atingindo 15% ao ano. Descontada a inflação, a taxa real gira em torno de 9,51% ao ano, posicionando o Brasil entre os países com juros mais altos do mundo.

O Indicador de Custo do Crédito (ICC) do Banco Central mostra que famílias e empresas chegam a pagar, em média, mais de 30% ao ano em operações de empréstimo, dependendo da modalidade. A inadimplência de pessoas físicas alcançou 7%, o maior índice dos últimos oito anos.

Especialistas debatem que o juro neutro ideal poderia variar conforme o estágio de desenvolvimento econômico, mas concordam que níveis persistentemente altos freiam o crescimento.

Impactos na Economia e Sociedade

  • Redução do consumo de bens duráveis;
  • Dificuldade em financiar expansão de negócios;
  • Migração de recursos para renda fixa;
  • Risco de estagnação econômica.

Juros elevados tornam financiamentos mais caros, fazendo com que consumidores adiem compras como imóveis e veículos. Para empresas, o acesso ao crédito fica restrito, limitando investimentos em inovação e infraestrutura.

Por outro lado, a atratividade da renda fixa aumenta, canalizando capital para títulos indexados ao CDI e Selic em vez de projetos produtivos na economia real.

Outros Conceitos Úteis

A Taxa de Juros Real expressa o rendimento ou custo após a inflação, calculada aproximadamente pela fórmula (1+nominal)/(1+inflação)–1. Ela revela o poder de compra efetivo do retorno financeiro.

A Demanda por Dinheiro segue três motivações clássicas: transações cotidianas, precaução diante de imprevistos e especulação em busca de ganhos. Juros altos podem reduzir o apetite por liquidez, retraindo o volume de transações.

Perspectivas e Desafios para 2025

Equilibrar o combate à inflação e incentivar o crescimento é a grande missão do Banco Central. Alternativas como reformas fiscais, maior concorrência bancária e digitalização de serviços financeiros podem contribuir para a queda gradual das taxas.

Fintechs e bancos digitais têm promovido redução de custos operacionais, refletindo em spreads menores e ofertando crédito mais acessível. A transparência nas metas de inflação e a comunicação clara das autoridades monetárias também são cruciais para direcionar expectativas.

No entanto, riscos políticos, cenários externos voláteis e crises fiscais ainda representam barreiras significativas. A adoção de políticas estruturais e investimentos em educação financeira são passos fundamentais para que indivíduos e empresas tomem decisões mais embasadas.

Entender o custo do dinheiro não se resume ao conhecimento de taxas: é uma forma de assumir o controle sobre o próprio futuro financeiro. Busque sempre informar-se, comparar oportunidades e alinhar escolhas ao seu perfil de risco e objetivos.

Com essa visão, você estará preparado para navegar por cenários desafiadores e conquistar resultados mais seguros e duradouros.

Maryella Faratro

Sobre o Autor: Maryella Faratro

Maryella Faratro